sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O MENINO QUE PERDEU A LUZ DOS OLHOS

RESUMO: Neste trabalho, a autora propõe algumas ideias e reflexões a respeito da construção da linguagem e do estabelecimento do diálogo na sessão analítica.
Partindo da experiência clínica com uma criança, que logo após sofrer a perda total da visão, foi estabelecida entre ela e sua mãe, uma relação de simbiose psicótica. Nesta relação, mãe e filho mantinham-se colados um no outro, sofrendo juntos uma fratura quanto a capacidade de estabelecer um contato com a realidade interna e externa.
Nos primeiros meses, atendendo a solicitação da mãe, ela entrava com seu filho no colo, sentavam na poltrona, e lá permaneciam paralisados, silenciosos, sem que qualquer atitude da analista provocasse algo diferente no campo analítico.
A autora sugere que a função paterna exercida pela analista, aliada a atividade do Brincar, possa favorecer o resgate desta relação aprisionante. Esta aliança promove o trânsito entre a realidade e a ficção, permitindo a busca por novas representações e significados. e consequentemente a conquista do diálogo.
A partir desta vivência, uma nova relação entre mãe-criança-analista foi estabelecida. Uma pequena fresta de luz se acendeu para iluminar o olhar desta criança para explorar a realidade interna e externa. A dosagem de luminosidade faz-se necessária, e exige fé, paciência afetiva e confiança.

Referências
Bion,W.R (1970). Realidade sensorial e psíquica. In W.R.Bion, Atenção e Interpretação, Rio de Janeiro: Imago.
___________ (1962). O aprender com a experiência. Rio de Janeiro: Imago.
Briton, R (1998). Devaneio, fantasia e ficção. In Ronald Briton, Crença e Imaginação, Rio de Janeiro: Imago.

Fernanda Sivaldi Roberti Passalacqua
Membro efetivo da SBPRP

0 comentários:

Postar um comentário

Popular Posts

Subscribe to RSS Feed Follow me on Twitter!