quarta-feira, 29 de maio de 2013

“Dificuldades alimentares e escolares em crianças e adolescentes”

Por Cristiane Sampaio
Mtb. 61.431 


Olá,

Devido ao grande interesse pelo tema “Dificuldades alimentares e escolares em crianças e adolescentes”, (que será abordado nos dias 07 e 08 de junho durante o evento “A criança, o adolescente e opsicanalista”), nós convidamos mais uma palestrante para abordar este assunto aqui em nosso blog. A entrevistada de hoje é a Doutora e Analista Didata, Maria Bernadete Amêndola Contart de Assis.

Acompanhem o nosso bate-papo!

SBPRP: A psicoterapia psicanalítica pode ajudar  crianças que têm dificuldades emocionais e comportamentais evidentes em casa ou na escola?

Dra. Bernadete: “A psicoterapia psicanalítica para crianças é denominada Ludoterapia, porque o analista faz uso de brinquedos para favorecer o contato com os pacientes. A ludoterapia oferece contribuições significativas a crianças que apresentam dificuldades na vida familiar, social ou na escola. Por intermédio do brincar, os pequenos pacientes expressam seus sentimentos e fantasias, que são interpretados pelo analista, promovendo com isso a possibilidade de compreensão para os sofrimentos, conflitos, medos e desejos. Essa elaboração das vivências emocionais podem levar a eliminação ou diminuição de sintomas ou dificuldades comportamentais apresentadas pelas crianças”.
                          
S: Uma avaliação psicanalítica auxilia no planejamento, tratamento e prevenção dos transtornos mentais, que dificultam ou impedem o desenvolvimento da personalidade?

Dra. B.: “A Psicanálise compreende o funcionamento mental dentro de uma ideia de complexidade, de tal forma que o desenvolvimento da personalidade é visto como resultado de um conjunto incomensurável de fatores. Esses fatores se organizam e se desorganizam de formas as mais diversas, com grau maior ou menor de integração entre eles, dependendo da grandeza emocional dos estímulos que chegam ao aparelho mental. Desse ponto de vista, o mundo mental é da ordem do incalculável e do imprevisível. Assim sendo, os termos “planejamento”, “tratamento” e “prevenção” parecem mais adequados ao modelo médico do que ao modelo psicanalítico. O que se pode dizer, de um modo bem geral, é que em uma análise abre-se a possibilidade do paciente estar mais em contato com suas emoções e, também, com seus mecanismos psíquicos acionados por essas emoções. O analista mostra constantemente ao paciente como ele está funcionando dentro da relação analítica, o que amplia consideravelmente a capacidade de sentir o que se vive e pensar o que se sente. Nesse caso, o “tratamento” seria essa ampliação da capacidade de viver as mais diferentes experiências emocionais, com profundidade e veracidade e poder usá-las para o desenvolvimento pessoal. Esse desenvolvimento pessoal por sua vez, pode ser uma espécie de “prevenção”, no sentido de que uma mente com capacidade ampliada, pode lidar melhor com as situações emocionais, imprevisíveis, que a vida apresentar”.

S: A partir do momento em que o adolescente começa a construir uma identidade e passa a criar vínculos fora do ambiente familiar, começam as preocupações dos pais. Esta é a fase crucial para o desenvolvimento deste adolescente?

Dra. B.: Penso que a construção de vínculos fora do ambiente familiar é anterior ao início da adolescência, porque a criança entra muito cedo na escola e já tem contato com outras famílias, por intermédio dos amigos de classe e também da vizinhança. O que é específico da adolescência é que a autonomia aumenta em relação à infância. O adolescente faz mais atividades sem os pais (passeios, viagens) e também faz mais escolhas próprias, como a escolha da profissão, por exemplo. A autonomia, como o próprio termo diz, é uma espécie de auto-gestão, ou seja, o adolescente passa a ser cada vez mais responsável pelas decisões dos caminhos a seguir. Trata-se de um momento em que a preocupação dos pais pode aumentar, por insegurança, isto é, medo de que os filhos não tenham condição de se conduzirem de maneira autônoma pela vida. Aqui vale muito a confiança que os pais tem nos valores que passaram para os filhos. Além disso, se os adolescentes vão dando sinais de que estão conseguindo se conduzir bem, os pais podem ficar mais seguros e favorecer a independência dos filhos. Caso contrário, quando os adolescentes dão sinais de que não estão conseguindo cuidar de si e de suas escolhas, os pais tendem a manter um controle maior sobre os filhos”.

S: A senhora também pretende abordar durante o evento o método psicanalítico de Freud, no qual ele enfatizava a importância do inconsciente para a compreensão de comportamentos anormais e a importância da primeira infância?

Dra. B.: “Durante o evento pretendo enfatizar os aspectos emocionais presentes na constituição das dificuldades escolares, trazendo reflexões sobre a relação complexa entre cognição e afetividade. Farei também considerações sobre as consequências emocionais dos problemas de desempenho escolar, para crianças e adolescentes”.

Gostou do tema? Clique AQUI e se inscreva para o evento.

As vagas são LIMITADAS!


#Saiba mais sobre a palestrante

Psicóloga, formada pelo Instituto de Psicologia da USP, no ano de 1977.
Pós Graduada em Psicologia Escolar, também no Instituto de Psicologia da USP, onde concluiu o mestrado em 1981 e o doutorado em 1986, ambos sob orientação do Dr. Lino de Macedo.

Docente no Departamento de Psicologia e Educação da FFCL-USP de Ribeirão Preto, de 1979 a 1991. Nessa Faculdade ministrou as disciplinas Psicologia Educacional, Psicologia do Desenvolvimento, Teorias e Técnicas Psicoterápicas e orientou o estágio em Ludoterapia de Orientação Psicanalítica.


Psicanalista, com formação na SBPSP, onde é Membro Associado. Pertence à SBPRP, onde é Membro Efetivo e Analista Didata.

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