quarta-feira, 27 de julho de 2011

Por Cristiane Sampaio
MTB:61431


 Boa noite, pessoal!

Esta semana vamos abordar o tema “Limites” com relação ao indivíduo. Segundo o Psicanalista, Membro Efetivo e Associado da Sociedade Brasileira de Psicanalise de Ribeirao Preto (SBPRP), Pedro Paulo Ortolan, “não só as perturbações no processo de individuação, mas também as peculiaridades dos valores e normas vigentes numa determinada civilização podem afetar as vicissitudes da individualidade”.

Acompanhe o que ele diz:

“Penso que o tema principal do XXIII Congresso Brasileiro de Psicanalise, “Limites: Prazer – Realidade” encontra solido aporte para reflexões no trabalho de Freud “O Mal-estar na Civilização” (1930), que trata mais especificamente da relação do “individuo” – tanto em seu vinculo como em sua oposição – com a cultura.

No texto, ele enfatiza a complexidade desta relação face ao conflito de ambivalência originaria que se manifesta não apenas como um conflito entre o individuo e a civilização, mas também no nível intrapsíquico como um sentimento de ambivalência experimentado pelo ego em relação ao superego, e como expressão da dualidade pulsional própria da natureza humana.

Freud refere-se ainda ao papel paradoxal da civilização, que, tendo como fim manter a coesão do grupo e o bem-estar dos indivíduos que a constituem, inevitavelmente impõe renuncias as satisfações pulsionais individuais (sexuais e agressivas). Lembrando que Freud já havia sugerido anteriormente a divisão dos instintos em instintos do ego (a serviço da preservação da vida e da espécie) e instintos sexuais (atuando para satisfação do individuo), aponta então algumas trilhas pelas quais o homem – sob a incidência do principio do prazer – busca o prazer ou evita o sofrimento: desde a sublimação através da ciência, da arte e da estética passando pelo controle dos impulsos via religião, pela toxicomania, a busca voraz e alucinatória pela satisfação dos desejos... e, por fim, pelo refugio na neurose e na psicose.

Com base nestas formulações, o que podemos dizer sobre os limites da individualidade? No contexto da vida moderna, quais as particularidades desses limites?

A individuação, entendida sob o vértice de uma necessidade imperiosa (um “urge por existir”– Bion) a partir da qual se constitui o sujeito humano, e um processo dinâmico, que acontece na intersecção com o objeto e que vai configurando, ao longo da vida, a individualidade. Individuação implica uma diferenciação tanto extrapsíquica (separação progressiva entre o Eu e o não-Eu) como intrapsíquica (diferenciação funcional das instancias psíquicas Id, Ego e Superego). E pressupõe uma relativa flexibilização da influencia do inconsciente por um lado, bem como das regras e leis da sociedade e dos sentimentos coletivos.

Portanto, não só as perturbações no processo de individuação, mas também as peculiaridades dos valores e normas vigentes numa determinada civilização podem afetar as vicissitudes da individualidade: seja na direção de um “esgarçamento” ou de “retração” de suas fronteiras. Por exemplo, admite-se que nas ultimas décadas a individualidade – que teve inicio na Modernidade –, sob o impacto das características dominantes da cultura atual (perturbando a elaboração das angustias de separação e reforçando os aspectos narcísicos em oposição aos vínculos), vem, progressivamente adquirindo contornos de um crescente “individualismo”.

Bion (em “Cogitations”, 1992), ao propor a existência do conflito entre socialismo e narcisismo (como duas tendências opostas, uma egocêntrica e a outra sócio-cêntrica, que a todo momento podem influenciar grupos de pulsões) no individuo, como alternativa ao conflito entre instintos do ego e instintos sexuais, expande a possibilidade de acompanharmos as nuances do precário equilíbrio que sustenta o individuo em sua relação com a sociedade e as vicissitudes da individualidade”.

E você o que acha? O individualismo vai muito além do processo de individuação?
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Gostou e quer saber mais? Sinta-se convidado a participar de nosso Congresso! Acesse o website do XXIII Congresso Brasileiro de Psicanálise e se inscreva!

Fonte: Febrapsi Notícias.

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